terça-feira, 28 de agosto de 2018

O PERIGO E AS MORTES POR ENGOLFAMENTO EM SILOS E ARMAZÉNS DE GRÃOS.



Hoje o site UOL publicou uma matéria muito importante, mas também de pouco conhecimento no Brasil, intitulada: As silenciosas mortes de brasileiros soterrados em armazéns de grãos” redigida por João Fellet Da BBC News Brasil em São Paulo.

A reportagem, a qual reproduziremos alguns trechos aqui, e que trata dos acidentes envolvendo a morte de trabalhadores no Brasil, informa que:

"Desde 2009, ao menos 106 pessoas morreram em silos de grãos no país, a grande maioria por soterramento.
Nos dados apresentados foram contabilizados apenas casos noticiados pela imprensa, o que, segundo especialistas, indica que as ocorrências sejam ainda mais numerosas, pois nem todas as mortes são divulgadas.
O ano com mais acidentes fatais foi 2017, quando houve 24 mortes, alta de 140% em relação ao ano anterior.
Em 2018, houve 13 ocorrências até julho -sinal de que as mortes devem se manter no mesmo patamar de 2017, considerando-se o histórico de distribuição das ocorrências ao longo do ano.”

Acidentes que ceifaram vidas de pais de família, de trabalhadores, o que é sempre uma grande tragédia, tem sido a maior causa de acidentes com mortes no Brasil, perdendo apenas para acidentes de trânsito.

Desde o ano de 2015, medidas de proteção para trabalhos desta natureza foram criadas, mas ainda não foram suficientes para conter o crescimento destes acidentes e suas consequências.

Segundo a reportagem o professor Idelberto Muniz de Almeida, professor de Medicina do Trabalho da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Botucatu, mostra que estes acidentes são evitáveis: “O professor afirma que a maioria dos acidentes em silos ocorre quando medidas de prevenção não são adotadas ou não funcionam de forma adequada”

Ainda segundo o professor os “soterramentos em silos matam em instantes. O trabalhador é asfixiado ao afundar nos grãos e não consegue subir à superfície, como se fosse sugado por uma areia movediça. Na maioria dos casos, ele é engolido ao caminhar, sobre os grãos sem cordas de segurança enquanto tenta movimentar as partículas para desobstruir dutos. Os grãos costumam se aglutinar quando há excesso de umidade, travando o funcionamento do silo.



Em outros casos, menos numerosos, o trabalhador é encoberto por uma avalanche de grãos quando paredes do armazém colapsam -pondo em risco até quem está fora da construção- ou quando há grandes deslocamento de partículas dentro da estrutura.”




Todos nós sabemos que os silos possuem ainda o risco de explodir, quando da existência de pó em suspensão e a produção de gases, quando expostas a calor, seja proveniente de fagulhas, faíscas ou contato com qualquer outra fonte de calor.

O silos explodem por alguns fatores: A alta concentração da poeira fina no ambiente, que se transforma em pó combustível, e que havendo a presença de fontes potenciais de ignição como eletricidade, superfícies aquecidas e chamas, causa a explosão.

Outro grande problema é a produção de gases tóxicos produzidos com a fermentação dos grãos. Apesar do milho ser considerado um dos grãos mais voláteis e perigosos, toda poeira de grãos é potencialmente perigosa.

A decomposição de grãos pode gerar vapores inflamáveis; se a umidade do grão for superior a 20%, poderá gerar metanol, propanol ou butanol. Os gases metano e etano, também produzidos pela decomposição de grãos, são igualmente inflamáveis e podem gerar explosões.
Temos ainda como riscos a queda do nível mínimo de oxigênio (O2) e/ou a presença em níveis perigosos de gases tóxico como gás sulfídrico e Monóxido de carbono (H2S e CO)
Todas estas situações colocadas ocorrem frequentemente em instalações agrícolas ou industriais onde são processados farinha de trigo, de milho, de soja, de cereais ou particulados entre outros o açúcar, arroz, chá, cacau, couro, carvão e madeira.
Com uma atuação eficiente da empresa e do trabalhador, podemos eliminar ou minimizar o risco de acidentes graves, nestes trabalhos, quando:
Mantemos um total e pleno atendimento aos requisitos legais, as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho, Programas de Prevenção exigidos ou não, tais como Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, Programa de Proteção Respiratória, Procedimentos Internos que abordem os riscos e as medidas de controle, treinamento dos trabalhadores e  acompanhamento e fiscalização dos trabalhos e a manutenção de equipamentos de identificação e eliminação de riscos ( Detectores de gases, de explosividade, ventilação exaustora e diluidora, máscaras e equipamentos de proteção e resgate, etc.).
Basta que todos se conscientizem dos perigos que tais trabalhos podem causar e se envolvam na prática de medidas seguras, adotando critérios, equipamentos e capacitação de todos os empregados



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